Podia ser diferente.

Entra em campo a seleção de brasileiros. Não são só onze, são milhões. Que entram juntos, mãos dadas, sorriso no rosto, esperança no olhar, orgulho no peito. Quem se assusta ao ouvir o som de uma vuvuzela, não conhece a força de uma garganta brasileira.
2010. África. Bola agora é Jabulani. Temida, diferente, independente. O antigo capitão, que já levantou taça, agora é nosso treinador. Mais uma vez, capitão. E tem time que nem parece ter sido campeão em 2006. E quem era temido, virou piada. E quem um dia fez gol de mão, hoje é técnico cravejado de brilhantes. Para muitos, uma Copa ‘toda errada’. Para todos, no mínimo, interessante.
E o Brasil, que era incógnita, foi descoberto. Jogou bonito, jogou suado. Podia não ser o melhor, mas a união deu força e foi até onde muitos duvidavam. Não ganhou. Perdeu em um jogo onde a ‘sorte’ da desonestidade foi a campeã. O que me entristece é que, em um país onde as lágrimas, ás vezes, são muitas, tantas que engolem os sorrisos, é bacana ver o povo unido, gritando, não de desespero, mas de felicidade. Mas é bom enquanto dura e não termina quando acaba. Daqui a quatro anos, quando o mundial for em terras tupiniquins, a festa recomeça com força e energia dobradas. E se a revolta e indignação pela derrota supera os limites do esperado, não é só porque não queremos – sabemos – perder. É por assistir, muitas vezes, a confusão de um jogo em que jogadores se jogam no chão, simulam faltas. E juízes que vendo, não vêem. E quem vence, nem sempre é o melhor. E que já está virando praxe não jogar conforme as regras. É, por assim dizer, a comprovação do óbvio: que um dia o futebol foi só futebol. Hoje, não.
Agora, a espera de quem será o aguardado campeão da Copa África 2010. Eu, particularmente, não torço para especificamente ninguém. Só torço para que não seja uma vergonha de ostentação do feio. Ou seja, melhor não torcer por nada, né?

Foto: globo.com
Texto: minha autoria, não reproduzir!